O fio condutor
Vou
falar um pouco sobre as minhas experiências com o mundo da leitura e escrita.
Não são muitas, pois fui criada na zona rural, as condições financeiras e
estruturais das escolas desfavoreciam tais atividades. Mas ainda assim, adorava
as leituras dos livros didáticos e principalmente, as famosas e maravilhosas
fábulas. É claro que todas as atividades eram solicitadas com uma única
finalidade: tirar notas. As redações sempre tinham como tema: “como foi as suas
férias”? Mas confesso que não foram essas redações e fábulas que despertaram o
prazer pela leitura. A culpa foi da filha da minha professora. Uma moça linda,
que acabara de se formar- professora também- mas papai do céu a quis consigo.
Lembro-me que certo dia, estava em sua casa, os sítios eram vizinhos, ela, com
um livro na mão, deitada em sua cama, contou parte do enredo e perguntou-me se
eu gostaria de ler um livro igual aquele. Dei uma olhada na capa, vi o nome Sabrina e folheei para ver se tinha
alguma figura. Nada! Na época eu devia ter mais ou menos nove anos. Mesmo assim
disse que sim. Ela abriu uma caixa enorme com uma grande quantidade desses
livros com outras capas:-Júlia, Bianca, Bárbara-
organizados dentro. Selecionou um, me entregou e disse que quando eu o
terminasse devolvesse para ela que iria trocar por outro. Devo confessar que
depois desse dia, foram muitas discussões principalmente com minha mãe. Não que
ela não quisesse que eu lesse! Ao contrário! sempre incentivou os estudos.
Tanto ela quanto meu pai. As discussões aconteciam porque eu deixava de cumprir
-ou fazia de qualquer jeito- as atividades domésticas, pois queria terminar a
leitura. Lembro-me da minha mãe dizer que eu não podia forçar muito a visão!
Bom, nem preciso dizer que a partir de então não parei mais de ler! De tudo um
pouco, pois para mim as leituras dependem dos sentimentos e de cada momento em
que se vive.